Parcelar ou não parcelar, eis a questão.

 

 

Dia desses, conversando com pessoas muito próximas a mim, ouvi de uma delas o seguinte ponto de vista:

“sempre comprei parcelado (…) só consegui tudo o que já tive graças ao crédito (…) se fosse esperar para comprar à vista, nunca teria, por exemplo, um carro (…) e já vou trocar por um novo, financiando de novo”.

O tema não é nada novo, a declaração acima já é velha conhecida de todos que acompanham blogs sobre finanças pessoais, mas acredito ser esse um assunto que nunca deva sair da pauta. Irei tecer minhas opiniões sobre o relato acima mencionado, em duas frentes. A primeira refere-se à questão psicológica/comportamental e a segunda à matemática financeira.

 

 

MOTIVAÇÃO PARA PARCELAR

 

Primeiramente, seria muita pretensão de minha parte julgar que minha amiga não possui motivos plausíveis para pensar dessa maneira. O crédito realmente facilita o consumo, dado que é possível adquirir bens/serviços antes mesmo de se ter dinheiro. A visão de que comprar parcelado é a ÚNICA saída faz bastante sentido para muitas pessoas.

A falta de disciplina em se guardar dinheiro é suprida pela disciplina compulsória de se pagar as parcelas no futuro.

Apesar de não ser economicamente a melhor decisão, para aqueles que querem ter tudo o mais rápido possível e não possuem o hábito de poupar, o crédito é a melhor alternativa. E como alterar esse hábito? Educação Financeira talvez ajude.

Portanto, abaixo vai minha contribuição.

 

MATEMATICAMENTE, A DECISÃO É RUIM

 

Quais seriam os argumentos técnicos que mostrariam que uma vida, baseada em empréstimos/financiamentos, é menos aconselhável que a alternativa de se comprar tudo à vista?

Realizei uma simulação simplificada, para demonstrar como os juros podem jogar contra ou a favor de um consumidor. A Situação 1 corresponde a quem parcela e paga juros; já a Situação 2 diz respeito a quem recebe juros e compra à vista.

Situação 1 – compras parceladas

Hoje uma pessoa irá comprar um bem no valor de R$1.000,00, pagando 12 parcelas de R$92,71 (taxa de juros = 2% ao mês). Depois de paga a última parcela, financia outro bem, nas mesmas condições de valor, prazo e parcelas. O ciclo se resume a comprar UM bem por ano, no valor de mil reais, sempre de forma parcelada.

Situação 2 – compras planejadas

Hoje a pessoa decide investir dinheiro para que ao final de 12 meses possa comprar, à vista, de um bem no valor de R$1.000,00. Irá investir R$92,71, todo mês, a uma taxa de 0,7% ao mês (perceba que o dinheiro poupado é igual ao valor da parcela da Situação 1). Essa aplicação, após um ano, terá gerado um valor de R$1.164,41, em que o consumidor pagará o bem à vista (mil reais) e poupará a diferença (R$164,41).

 

Comparação entre as situações

Ao final de 30 anos, a pessoa da Situação 1 terá possuído UM BEM a mais que a pessoa da Situação 2. Isso porque, primeiro dia, uma começou a poupar e a outra já comprou o bem financiado – a partir daí, ambas compraram o mesmo produto de mil reais, todo ano.

Por outro lado, com o dinheiro poupado durante os anos, a pessoa da Situação 2 terá R$5.467,08 investido. Esse dinheiro seria capaz de comprar 5 bens de R$1.000,00 à vista, recuperando a “desvantagem” de ter esperado um ano para a primeira compra. Ou seja, o poupador abriu mão do imediatismo, para ter muito mais no futuro.

 

CONCLUSÃO

Embora existam razões psicológicas compreensíveis para que alguém prefira financiar ao invés de poupar, tecnicamente essa não é uma boa decisão. Mudar o comportamento baseado em parcelamentos dependerá de muita força de vontade e educação financeira. E O MAIS IMPORTANTE: será uma escolha a ser feita hoje, com reflexos que determinarão o futuro.

 

É isso aí pessoal. Boa sorte em suas finanças e vida pessoal.

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