Aprender inglês e Finanças Pessoais, tem algo em comum?
Resposta: SIM
Pois em ambos os casos, temos uma legião de pessoas que iniciam esses dois desafios e DESISTEM, não aprendendo inglês e nem guardando dinheiro…
Mas agora, você irá entender POR QUE isso acontece e como se PROTEGER do fantasma do desânimo.
Aprender a Aprender: esse é o caminho
Se quer, DE VERDADE, aprender inglês ou guardar dinheiro, a única solução é fazer desse objetivo um HÁBITO.
Já é cientificamente comprovado que nossa força de vontade é LIMITADA.
Logo, ao conseguir transformar o ato de aprender inglês ou guardar dinheiro, em um HÁBITO, será possível atingir esses objetivos NATURALMENTE, sem precisar se esforçar muito para tal.
Todavia, apesar do avanço da tecnologia, que nos leva a pensar que tudo pode ser feito de forma rápida e fácil, a capacidade humana de aprender algo novo obedece a um padrão impossível de ser transposto.
É preciso tempo e paciência.
Se um desses fatores for ignorado, a mudança será apenas ilusória e passageira.
Isso ocorre porque o caminho do aprendizado pode ser expresso conforme a figura abaixo.
Vamos explicar o gráfico acima.
Quando alguém se propõe a aprender inglês ou poupar dinheiro, fatalmente existirão momentos em que NÃO perceberá grandes avanços.
A tais períodos daremos o nome de platô.
Eles representam as horas e horas de dedicação necessárias, até que um avanço significativo seja realmente verificado.
Em relação a aprender inglês, podemos ilustrar o caso pensando em alguém que dedica um bom tempo estudando a língua e, mesmo assim, ainda não consegue entender uma palavra do que seu ator preferido fala em um filme.
Em se tratando de finanças, podemos exemplificar o platô como sendo um longo período apenas aprendendo a poupar e ver o dinheiro render tão pouco na Caderneta de Poupança após esse tempo.
Em ambos os casos temos: muito esforço e pouco resultado.
Para algumas pessoas, o platô é desanimador, principalmente nos dias de hoje em que ouvimos promessas (a maioria falsas) de que grandes aprendizados são possíveis em curto período de tempo e de maneira fácil.
Todos querem resultado imediato.
Todavia, as grandes conquistas estão atreladas a palavras como: paciência, disciplina, concentração, esforço e foco. Nada vem de graça.
É preciso respeitar os platôs.
Fazer do tempo um aliado.
Curtir o caminho do aprendizado.
Aqueles que não se dão conta disso, geralmente, caem em um dos 3 tipos de comportamentos listados abaixo – veja se você se encaixa em algum deles.
TIPO 1: ENTUSIASMADO
A pessoa entusiasta inicia a aquisição de certo hábito bastante motivada, alocando boa parte de seu tempo para esse fim. Após boa dose de esforço, percebe o primeiro avanço, conforme representado na figura abaixo.
Com essa excitação inicial, não vê a hora de aprender mais e mais.
Entretanto, fatalmente ela irá se deparar com um novo platô, ou seja, com mais um momento em que será necessária muita dedicação, sem verificar os resultados imediatamente.
Eis que seu entusiasmo vai esfriando e a dedicação diminuindo. Como o platô é inevitável, a pessoa acaba desistindo.
TIPO 2: OBSESSIVO
Outro tipo de comportamento que joga contra a aquisição de novos hábitos é o obsessivo. Ele representa pessoas que desejam, de qualquer forma, resultados rápidos.
Para conseguir cumprir com o planejado, impõem a si grandes mudanças, logo de início. Não suportam esperar ou mudar paulatinamente.
Querem transformações bruscas.
Em alguns dias, a pessoa realmente vê alguns avanços, mas novamente chega a um novo platô.
Conforme indicado na figura abaixo, nesse momento ela redobra os esforços, busca alternativas mais rápidas, desgasta relacionamentos, dispondo cada vez mais energia para esse fim.
Nesse caso, não se respeita os próprios limites e o tempo parece jogar contra.
O platô se torna uma montanha russa, de altos e baixos.
Em certo momento, cansada de lutar contra suas próprias limitações, a pessoa acaba desistindo.
TIPO 3: ACOMODADO
Por fim, temos o tipo de pessoa acomodada. Conforme figura a seguir, inicia suas mudanças de hábitos, tem um primeiro progresso e se sente satisfeita com a situação.
Aceita passivamente a zona de conforto, pois sabe que para vencer o próximo platô, deverá se esforçar muito, e não quer isso para si.
HOMEOSTEASE: uma armadilha e tanto
Suponha dois casos fictícios:
1) Jorge decide fazer o controle de seu orçamento doméstico, anotando suas receitas e despesas diariamente. Passadas duas semanas, ele DESISTE.
2) Angélica decide, finalmente, aprender a falar inglês fluentemente. Matricula-se em uma escola cara e renomada, planeja assistir filmes com legendas em inglês, ouvir músicas e traduzi-las, uma a uma, dentre outras atividades. Depois de um semestre, vê que não teve tempo de assistir a filmes e traduzir músicas, e a mensalidade da escola de línguas está pesando muito no orçamento. Então, acaba DESISTINDO.
Em ambos os casos, temos as mesmas características: a tentativa de uma mudança abrupta nos hábitos diários e um fracasso ao seu final.
Mas qual seria o motivo disso?
Alguns diriam: FALTA DE FORÇA DE VONTADE.
Até pode acontecer, mas talvez não seja apenas isso.
Para ampliar nossa análise, iremos apresentar o conceito de Homeostase.
Homeo significa igual e stasia estado. Logo, homeostase pode ser entendida como uma tendência dos sistemas biológicos em resistir a mudanças, ou seja, uma busca por equilíbrio (estabilidade).
Isso implica que, por questões fisiológicas, os seres humanos tendem a oferecer equilíbrio ao corpo, mesmo que inconscientemente.
Voltando aos dois exemplos iniciais, devido à homeostase, Jorge entregaria-se à sua “sina” de nunca conseguir guardar dinheiro, e Angélica ao seu “destino” de ser sempre indisciplinada.
Nesses cenários, aceitar o fracasso torna-se mais cômodo e as mudanças perdem sua justificativa.
São as próprias circunstâncias da vida trazendo-nos de volta ao equilíbrio anterior: eis a homeostase.
Pois mudanças acabam trazendo novidades e, essas, muitas vezes não são bem aceitas…
O problema de tudo isso é que, apesar de a homeostase ser fundamental para a manutenção da vida dos seres vivos, ela não faz distinção se permanecer “na mesma” é benéfico para nossas vidas ou não.
Ela simplesmente diz DESISTA, toda vez que uma mudança brusca é delineada pelo indivíduo, mesmo que essa atitude seja algo positivo.
É o próprio corpo/mente sabotando a si.
E mais, existe também a homeostase social. Que se apresenta quando você quer iniciar uma mudança, mas as pessoas à sua volta pressionam para que tudo volte ao “normal”.
É como se fosse uma máquina que, mesmo funcionando mal, cada engrenagem tem a sua função definida.
Mas quando você decide alterar suas ações e pensamentos, ou seja, a maneira como sua engrenagem funciona, acaba afetando todo o funcionamento da máquina. E o “sistema” vai fazer de tudo para que o equilíbrio anterior volte a reinar.
COMO LIDAR COM O VERBO DESISTIR
Explanado os 3 tipos de comportamentos prejudiciais à instauração de um hábito, além do conceito de homeostase, chegamos à conclusão de que mudar, realmente, não é nada fácil.
Existirão sempre barreiras para que aprender inglês ou guardar dinheiro, realmente faça parte de sua rotina.
Nesse ponto, surge a pergunta: o que fazer para superar questões psicológicas, fisiológicas e sociais que atrapalhem a aquisição de bons hábitos?
Seguem abaixo 8 DICAS valiosas:
1) Aceite que novos hábitos possuem um tempo natural e necessário para serem realmente incorporados. Isso é crescimento pessoal, que se opõe fortemente à crença de que é fácil e rápido tornar-se um ser humano melhor;
2) Curta os platôs. Não existe apenas um fim, mas um caminho a ser percorrido. A grande arte de viver está em saber curtir o hoje, sem se descuidar do amanhã;
3) Não se imponha desafios que sejam maiores do que suas habilidades. Dê um passo por vez. Curta cada pequena conquista;
4) Compreenda como a homeostase funciona, e quando sentir algum sinal que pareça lhe empurrar para trás, fique feliz, você realmente está mudando;
5) Negocie com sua resistência a mudanças, dando um passo para trás, sempre que desejar dar dois a frente. Tenha determinação sem perder a consciência de suas limitações. Não importa de onde venha a resistência (do corpo, família ou sociedade), esteja firme e preparado para negociar;
6) Desenvolva um sistema que lhe auxilie na mudança. É sempre bom ter alguém para avaliar se a mudança está caminhando para o rumo certo e dar incentivos.
7) Pratique, pratique e pratique. Ganhamos estabilidade na mudança quando praticamos. A prática é a base para tornar uma ação um hábito, que não exija esforço, nem dispêndio de energia desnecessariamente. Ao criar o hábito de praticar, novas mudanças serão mais fáceis de serem implementadas.
8) Dedique-se ao aprendizado, SEMPRE. Aprender é muito mais que ler um livro. Aprender é MUDAR, pois educação é um processo de mudança. Um aprendiz vitalício é aquele que aprende a conviver com a homeostase, simplesmente porque aprende o tempo todo.
NOTA:
1) A bibliografia consultada sobre caminho do aprendizado e homeostase é: Mastery: the to success and long-term fulfillment, de George Leonard (1992). Ótima leitura… recomendo…