O objetivo do presente texto é trazer alguns bons exemplos de comportamento humano, tendo dinheiro como plano de fundo. Tais histórias foram coletadas ao longo dos anos, sendo algumas pessoais e outras de fontes diversas. A seguir, apresento cada uma delas.
Bons exemplos para refletir
Há alguns anos fui visitar a Áustria, mais especificamente Viena, e um dos passeios previa ir a uma mina de sal próxima à cidade, muito impressionante, por sinal. No caminho da volta, peguei um ônibus extremamente lotado.
O sistema de pagamento desse transporte público era o seguinte: você comprava o ticket antecipadamente e, quando entrasse num ônibus, bastava colocá-lo para validar em uma maquininha, sem que ninguém precisasse fiscalizar tal atitude.
Em meio ao aperto em que todos estavam, as pessoas pareciam apavoradas para validar seu ticket. Uma ajudava a outra, que estava prestes a descer e não tinha validado, e aqueles pequenos pedaços de papel iam passando de mão em mão, dado que existia apenas uma ou duas máquinas.
Fiquei espantado com aquela atitude durante toda a viagem e, logo pensei, “deve ter alguma câmera fiscalizadora que os fazem ser tão corretos assim”. Se descer sem validar, a polícia deve prender.
Chegando ao hotel, conversando com uma pessoa local, comentei sobre o ocorrido e ele me explicou a motivação para tanto zelo em pagar a corrida. É que todos tinham a consciência que, se deixassem de pagar, seria preciso aumentar a fiscalização e os preços das passagens subiriam. Simples assim!
Assistindo a um programa esportivo a cabo, deparei-me com uma reportagem falando da vida de um ex-jogador da seleção inglesa, famoso apenas àqueles que acompanham futebol. Durante o programa, uma pequena passagem me marcou bastante.
No dia da entrevista o tal jogador estava participando de uma partida beneficente, para ajudar na reforma da sede de uma escolinha de futebol a qual seu filho frequentava.
Em certo momento, entrevistaram o presidente do clube que citou ter feito um leilão pela internet, para arrecadar fundos, em que a pessoa que desse o maior lance seria premiada a jogar no time do ex-profissional. Em suas palavras, esperava arrecadar cerca de 400 libras.
Para a surpresa de todos, um desconhecido deu um lance de 70 mil libras. Você acha que eles memoraram? Que nada. Cancelaram o leilão, pois o presidente argumentou que havia coisa mais importante na Inglaterra para fazer com todo aquele dinheiro. Já quando perguntaram sobre essa questão ao craque, ainda suado da partida, disse que não sabe quem foi o “idiota” que havia feito aquela bobagem.
Quando estava fazendo parte de meu doutorado no Canadá, em uma conversa sobre os costumes do local com a esposa de meu orientador, ela me contou um caso que relato a seguir.
Havia ido a um supermercado e viu uma promoção: dois queijos por 5 dólares. Achou bom o preço e decidiu levar. Ao passar no caixa, viu que o preço cobrado não havia sido o mesmo descrito na gôndola e reclamou. A atendente do caixa ficou desesperada, chamou uma pessoa para consertar imediatamente o erro e a esposa de meu orientador foi encaminhada para outro balcão.
Para sua surpresa, de forma a compensar o erro, um funcionário do supermercado lhe devolveu os 5 dólares e ela ainda levou os dois queijos. E mais, essa pessoa não precisou consultar nenhum gerente para tomar essa decisão.
Uma professora de inglês que tive, me contou um caso ocorrido com seu sobrinho na Suíça. O jovem alugou um carro e partiu da Itália, se não me engano, para a casa de parentes na terra do chocolate.
Quando lá chegou, não sabia o endereço e parou para ligar de um telefone público, pedir as coordenadas para os donos da casa. Ao voltar para o carro, a surpresa: uma multa, pois parara em lugar proibido.
Chegando ao seu destino, estava triste e seus parentes perguntaram o que acontecera. Ele contou sobre a multa e que não sabia ser aquele local proibido, pois não havia nenhuma placa que conhecesse e as sinalizações estavam na língua local, não em inglês.
Então, a dona da casa ligou na mesma hora para o departamento de trânsito e em pouquíssimos minutos, cancelou a multa, apenas explicando os motivos para a atendente.
O sobrinho de minha professora não se aguentou e perguntou: “como isso é possível?”. E ela respondeu com a maior naturalidade: “eu expliquei o acontecido e ele compreendeu”. E o jovem retrucou: “mas e se tivesse mentindo?”. E ela, serenamente, retrucou: “por que eu faria isso?”.
Caros leitores e leitoras, não estou, de maneira alguma, querendo dizer que os países citados são superiores a nós e que tudo por lá são as mil maravilhas. Meu objetivo foi somente contar alguns casos de bom comportamento, em épocas de embargos infringentes, dinheiro na cueca e obras superfaturadas.
Os exemplos que vem de cima, não são nada bons, cabendo a nós lutarmos por um mundo mais justo e melhor para as futuras gerações. Vamos fazer a nossa parte e, quem sabe um dia, ser uma pessoa íntegra e honesta nos seja, tão somente, natural.
Boa sorte em suas finanças e vida pessoal.