No presente texto, irei explorar os demais resultados e dar minhas opiniões a respeito.
Quando se descobre o endividamento excessivo?
Segundo relatos dos participantes da pesquisa, a percepção de que estavam realmente enrolados ocorreu quando as cobranças vieram e não tinham mais dinheiro para pagar.
A primeira vista, isso parece óbvio e normal, mas não é.
Em uma situação ideal, o endividamento excessivo deveria ser identificado antes de ele se materializar. Explico. Uma pessoa/família que possui um controle adequado do orçamento doméstico consegue prever com boa antecedência se a situação está saindo fora dos trilhos ou não. Em caso positivo, aperta-se os cintos e evita-se ao máximo contrair novas dívidas, para não ter problemas no futuro.
No caso dos endividados da pesquisa, essa clareza só ocorreu quando o mal já se encontrava em estágio avançado. Ou seja, apenas no momento em que perceberam não haver qualquer dinheiro no bolso e o telefone não parava de tocar, com profissionais cobrando o que lhes era devido.
O que podemos inferir de tal discussão é que boa parte das pessoas que se endividam de maneira excessiva só percebem o problema em estágios avançados. Enquanto as cobranças não vêm e o dinheiro não acaba, tudo parece correr bem, na expectativa de um dia as coisas melhorarem.
Para tais casos, uma boa dose de educação financeira, em que o planejamento do orçamento e a definição de prioridades assumem papel de destaque, pode ser grande aliada na cura do mal e prevenção de recaídas.
De quem é a culpa? A quem recorrem?
Boa parte dos entrevistados assumiu a culpa pelo endividamento excessivo, mas houve também quem argumentasse que as instituições financeiras que emprestam dinheiro têm sua parcela de culpa, à medida que utilizam algumas “armadilhas” que os levam a contrair mais dívidas do que o razoável, sem perceber.
Considero bastante razoável a argumentação de que a culpa deve ser compartilhada entre devedor e credor. Isso porque se, por um lado, os consumidores deveriam ter um maior controle orçamentário e não tomar mais dívidas que o razoável, por outro, quem concede o crédito deveria ser mais criterioso (como o negócio é bater metas, tentam aprovar qualquer empréstimo/financiamento) e ético (muitas vezes omitem informações importantes, usam letrinhas miúdas, técnicas de persuasão etc).
Um outro dado interessante da pesquisa é que as pessoas que reconheceram sua própria responsabilidade pelo endividamento excessivo mostraram-se mais propícias a mudar seus hábitos financeiros. Ou seja, diagnosticar, assumir e compreender onde estão as falhas, é um primeiro passo para a transformação.
Com relação a quem os participantes recorrem em situação de alto endividamento, muitos responderam: amigos e familiares. Buscaram também renegociar com os credores, mas as experiências relatadas não foram muito positivas.
Segundo os entrevistados, as instituições financeiras, na maioria das vezes, só oferecem uma proposta de renegociação quando as dívidas estão perto de prescrever (ou seja, de judicialmente não poderem ser mais cobradas).
Houve relatos de quem, na falta de uma condição viável de renegociação, optasse por não pagar a dívida e esperar o prazo de 5 anos para que ela prescrevesse. Porém, nesses casos, é importante citar que as experiências foram extremamente negativas, tanto material, como emocionalmente.
O que fazer para não se endividar?
Nesses resultados preliminares da pesquisa realizada pelo Banco Central, com base em suas experiências, os participantes indicaram alguns caminhos para que não se caia na armadilha do endividamento excessivo:
– Controlar o orçamento por meio de planilha financeira;
– Manter no máximo um cartão de crédito, cancelando os demais;
– Economizar, poupar dinheiro e ter reserva financeira;
– Não aceitar muitas linhas de crédito nem limites elevados;
– Aceitar propostas de renegociação de dívida apenas se o credor reduzir juros; e
– Não parcelar as compras em muitas vezes.
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Se conhecer alguém que precisa de uma orientação financeira, sugiro que compartilhe o link do curso e esse artigo. Certamente, estará fazendo um grande bem a essa pessoa.
Boa sorte em suas finanças e vida pessoa!