Ética e Moral
Segundo Moreira (2002) a ética pode ser vista de um ponto de vista filosófico, em que estuda o ser humano e sua conduta em relação aos seus semelhantes. Mas também pode representar um conjunto de regras que regem a conduta dos indivíduos. Em ambos os casos, a moral exerce papel fundamental.
Vasquez (2011) explica que a moral é baseada em princípios, normas ou regras de comportamento, que se estabelece em uma sociedade, num determinado momento histórico. Dessa forma, a ética tem por finalidade estudar as práticas morais em vigor e buscar entender sua essência. Feitos tal esclarecimento, o autor define ética como “a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”.
Por fim, é interessante destacar a afirmação de Vasquez (2011) de que a ética não cria moral. Na verdade, a ética se depara com práticas morais já em vigor e busca determinar “a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e subjetivas do ato moral, as fontes de avaliação moral, a natureza e a função dos juízos morais, os critérios de justificação destes juízos e o princípio que rege a mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais”. É sob essa ótica que o presente artigo desenvolverá a discussão sobre ética profissional e dinheiro.
A Ética e a Lei
Moreira (2002) explica que leis são normas aprovadas em um país, em que a sociedade participa através de seus representantes. Porém, não se pode afirmar que todo cumprimento de lei é ético, e nem que toda conduta ética estará amparada pela lei. Veja figura abaixo:
O que se pode notar ao analisar a figura é que existem comportamentos legais que não são éticos, e outros éticos que não são legais – além da intersecção de ambos.
Ainda segundo Moreira (2002), no tocante à Ética Empresarial, cita que mesmo o empresário visando o lucro, ele deve agir em conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade. Historicamente isso sempre foi um problema, pois com o surgimento do lucro, grandes dificuldades surgiram no campo moral. Adam Smith (séc. XVII) foi um dos precursores em tentar conciliar ética e a atividade lucrativa. Desde então, o intuito tem sido sempre fazer leis para compatibilizar a ética ao lucro, exigindo das empresas comportamentos éticos em todos seus relacionamentos.
Exemplos para reflexão
O objetivo de ter apresentado esse sucinto embasamento teórico sobre ética, moral e lei, é permitir que façamos uma reflexão sobre sua aplicação no campo das finanças pessoais. Para isso, irei apresentar um exemplo, para que você, leitor(a), deixe sua opinião nos comentários desse post.
Vamos a ele:
“Josefina é uma trabalhadora com poucos conhecimentos financeiros, que vai a um banco fazer uma operação qualquer com seu gerente. Ao término do serviço prestado, o gerente percebe que Josefina possui um dinheiro aplicado na Caderneta de Poupança e sugere que ela transfira esse dinheiro para um Título de Capitalização. Como já conhece o seu gerente de longa data e ele a trata com bastante atenção – além de considerar seus conhecimentos muito superiores aos dela – aceita a oferta.”
Com base no caso relatado acima, gostaria que respondesse às seguintes questões abaixo:
1) Sabendo que títulos de capitalização é um péssimo produto (veja AQUI o motivo), você acha que o gerente agiu de forma ética ao oferecer esse produto com o intuito de bater suas metas de vendas?
2) Você mudaria sua maneira de pensar se soubesse que o gerente possui dois filhos pequenos, depende desse emprego para sustentar sua família, e que bater as metas faz parte de sua manutenção no emprego? E mais, que isso é uma política da empresa e não dele, além de não haver ilegalidade em oferecer esse produto aos clientes?
3) Suponha agora que o gerente tenha explicado com riqueza de detalhes e de maneira neutra, as diferenças entre deixar o dinheiro na Poupança e comprar o Título de Capitalização, e mesmo assim Josefina tenha se interessado pelo produto, por ter ficado empolgada com a possibilidade de ser sorteada e ganhar o prêmio. Se houver clareza na explicação das diferenças entre os produtos, estará o gerente agindo de forma ética?
4) E se eu lhe disser que essa é uma estratégia usada pelo gerente, que explica a questão de premiação por último e, aproveitando dos desconhecimentos técnicos dos clientes, acaba fisgando-os pela ganância de ganhar dinheiro fácil. Mudaria sua opinião em relação à pergunta 3)?
Pois bem, fica o convite para que, nos comentários desse artigo, deixem suas opiniões sobre o exemplo citado. Desde já deixo claro que não há verdades absolutas nessa matéria, e que visões divergentes sempre existirão. Mas é exatamente isso que gostaria de explorar. E aproveitando o ensejo, se possui Facebook, curta nossa Fan Page e participe desse e outros debates.
Boa sorte em suas finanças e vida pessoal!
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
VASQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
MOREIRA, J. M. Ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.