“A gratidão é o único tesouro dos humildes.”
William Shakespeare
“A gratidão é a virtude das almas nobres.”
Esopo
No dicionário, gratidão significa o “reconhecimento por um benefício recebido”. Nas frases citadas logo no início desse post, tal palavra é associada a “tesouro” e “virtude”. Em diversas religiões também aparece como algo a ser cultivado (p. ex. gratidão a Deus). Sendo que, no geral, mostra-se como um comportamento belo e desejável nos seres humanos.
Nesse ponto, talvez esteja se indagando: o que esse papo sobre gratidão tem a ver com finanças pessoais? Explico.
A gratidão está relacionada a um sentimento de dívida para com o outro. Quando recebemos algo gratuitamente, como um presente ou um simples favor, parece que ficamos na obrigação de retribuir (não queremos ser ingratos).
Existe dentro de nós um desejo de sermos justos, recíprocos.
E o problema surge quando essa desejada característica é utilizada contra nós, enquanto consumidores.
Vamos começar com um caso simples. Você vai a um restaurante e recebe um atendimento exemplar do garçom.
Na hora da gorjeta, deixa o dobro de dinheiro que costuma pagar por esse serviço, de forma a recompensar o ótimo atendimento recebido. Nesse momento, pode até achar isso normal, mas continuemos os exemplos para, ao final, tirarmos algumas conclusões.
Em um segundo caso, vai a uma concessionária com o intuito de pesquisar preços de automóveis.
Logo na entrada o vendedor recebe-lhe com um sorriso, pergunta seu nome, oferece um cafezinho, dá um pirulito para seu filho e iniciam conversa sobre assuntos cotidianos.
O mesmo funcionário mostra-lhe diversos modelos de carros e diz que vai fazer condições especiais somente porque gostou de você. Depois de todo esse trabalho, sente-se constrangido(a) em não aceitar a oferta, pois ele foi tão gentil.
Para finalizar os exemplos, suponha que agora está caminhando pelo supermercado e uma moça, muito simpática, oferece-lhe, em meio aos corredores, um pequeno cálice de vinho cuja marca você desconhece completamente.
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Ela não só é gentil, como também explica as características do produto de forma a lhe acrescentar informações que não possuía.
Terminada a degustação, automaticamente pega uma ou duas garrafas, coloca no carrinho e leva para casa. E pensa: “seria uma sacanagem muito grande, depois de tudo o que a moça fez, virar as cosas e ir embora sem comprar nada”.
Obviamente, existem outros inúmeros exemplos que poderiam ser citados.
Entretanto, apenas tomando por base os três apresentados, podemos ver uma característica comum entre eles: a utilização do sentimento de reciprocidade que existe dentro de cada um de nós, como estratégia de venda.
Tanto o garçom, como o vendedor de carros e a moça do vinho, têm a consciência (ou foram treinados para tal) de que “é dando que se recebe”. Que seus clientes, em geral, tendem a ser gratos quando “reconhecem um benefício recebido”.
Mesmo que, racionalmente, a atitude não seja uma boa decisão financeira (é obrigação do garçom tratar-lhe bem, você poderia pesquisar preços melhores em outras concessionárias e talvez nem goste de vinho).
Ético ou não tal comportamento, ele está aí em todo o canto, e cabe a nós estarmos cientes de tais armadilhas e nos precavermos para não sermos manipulados.
A gratidão em si não é o problema. O que precisamos é ficar atentos para que não utilizem desse belo sentimento contra nossos bolsos.
É isso aí, boa sorte em suas finanças e vida pessoal!
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