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Taxa de câmbio real
Sem muitas delongas, quando falamos que a taxa de câmbio real/dólar é de 3,20, por exemplo, estamos dizendo que precisamos de 3,20 reais para comprar UM dólar.
Essa é a denominada taxa de câmbio NOMINAL.
Se quisermos colocar a inflação no meio do assunto, estaremos partindo para o que os economistas chamam de taxa de câmbio REAL.
Todavia, nesse último caso, não podemos considerar apenas a inflação doméstica – o IGP-M. Aí está o erro do jornalista. Também é preciso colocar na fórmula a inflação do outro país que estamos tratando. No caso do dólar americano, a inflação dos Estados Unidos.
Que tal compreendermos essa questão com um exemplo bastante simples, antes de mostrarmos qualquer fórmula?
Exemplo de influência da inflação na taxa de câmbio
Para analisar essa questão, será preciso criar dois momentos distintos, que chamaremos de PASSADO e PRESENTE. E para simplificar, vamos usar como exemplo dados fictícios de preço de um singelo pirulito. Confira as informações abaixo:
PASSADO
– Em dado momento do passado a taxa de câmbio era R$2,00 por dólar
– O preço de um pirulito no Brasil era R$1,00
– O preço de um pirulito nos EUA era U$0,50
– Dessa forma, vemos que os preços se equivalem: cinquenta centavos de dólar, multiplicado pela taxa de câmbio que é 2, também dá um real.
PRESENTE
– Considere que, passado determinado período de tempo, a taxa de câmbio se mantenha em R$2,00 por dólar
– Porém, que tenha havido um aumento de preços diferente no Brasil e nos EUA
– No Brasil a “inflação” foi de 20%, fazendo com que o preço atual do pirulito seja de R$1,20
– Nos EUA a “inflação” foi de 10%, sendo que o preço atual é de U$0,55
– Dessa forma, um brasileiro que quisesse comprar esse pirulito, pagaria em reais: 0,55 x 2 = R$1,10
– Ou seja, mantendo a mesma taxa de câmbio do passado, devido à inflação no Brasil ter sido maior, comprar pirulito nos EUA ficou mais barato.
Calculando a taxa de câmbio real
Vimos no contexto acima que, mesmo a taxa de câmbio mantendo-se constante, a diferença relativa entre as taxas de inflação DOS DOIS PAÍSES devem ser consideradas – não só do IGP-M brasileiro, conforme sentenciou o jornalista do vídeo.
Existe até uma fórmula para isso.
Nela conseguimos calcular a variação da taxa de câmbio real através da multiplicação da variação da taxa de câmbio nominal pela inflação no Brasil, dividido pela inflação dos EUA.
Dessa forma, teríamos:
Obs 1: para substituir os valores na fórmula é preciso dividir a porcentagem por 100 e somar 1.
Obs 2: o valor da taxa de câmbio nominal ficou igual a 1 porque a variação considerada entre o PRESENTE e o PASSADO foi igual a zero; logo, um mais zero dá um.
Isso significa que a taxa de cambio do PASSADO, para ser “comparada” com a taxa do PRESENTE, deveria ser corrigida por 9,09%. Façamos essa continha.
A taxa de câmbio nominal do passado, de 2 reais por um dólar, precisaria ser aumentada em 9,09%. Logo, a taxa de câmbio real (“corrigida”) ficaria em 2,1818 reais por dólar.
Assim, se essa taxa de câmbio fosse utilizada (e não a nominal), teríamos:
– No Brasil o pirulito continuaria custando R$1,20
– E se um brasileiro fosse comprar um pirulito de U$0,55, ao utilizarmos a taxa de câmbio real de 2,1818, chegaríamos aos mesmos R$1,20 (isso é uma suposição… na prática a taxa de câmbio permaneceu em 2).
CONCLUSÃO: no nosso exemplo, dadas as condições da inflação no Brasil e nos EUA, a taxa de câmbio do PRESENTE, mesmo sendo igual – em termos nominais – a do PASSADO, apresentou uma valorização em termos reais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vejamos algumas conclusões:
– no curto prazo, uma elevação na taxa de câmbio nominal (por exemplo, de R$3,00 por dólar para R$3,10 por dólar), faz com que os produtos importados fiquem mais caros (preciso de mais reais para comprar o mesmo produto em dólar) e que as exportações sejam impulsionadas (um empresário nos EUA precisa de menos dólar para comprar um mesmo produto em real).
– quando comparamos taxas de câmbio em períodos distintos, é preciso fazer uma correção e trabalhar com a taxa real. Para tal, devemos levar em consideração os índices de preços dos dois países e não apenas de um só – motivo do erro do jornalista do vídeo disponibilizado no início desse artigo. Isso porque diferenças nas inflações relativas de dois países tem efeito semelhante a variações da taxa de câmbio entre eles.
É isso aí.
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