Em minhas aulas sobre Finanças Pessoais, após receber doses cavalares de educação financeira, boa parte dos alunos acabam vindo a mim, com a seguinte pergunta: “vou começar a investir X reais por mês, então, onde devo aplicar meu dinheiro?” Entretanto, a pergunta dificilmente acaba por aí. Geralmente, vem o complemento: “onde devo aplicar meu dinheiro para que eu possa ter a melhor rentabilidade?”. Pessoas associam a palavra INVESTIR a altas rentabilidades, mas creio que essa preocupação não deve ser a prioritária no início de uma vida de investidor.
A resposta à pergunta sobre onde investir é algo complicado de ser oferecida. Isso porque uma estratégia de investimentos deve ser associada a algumas características pessoais, como: qual perfil de risco do investidor, qual rentabilidade almejada, para que prazo será feita a aplicação e para qual objetivo, quanto de dinheiro se tem disponível, que nível de conhecimento possui sobre o investimento etc.
Todavia, responder dessa maneira sempre me deu a sensação de “estar fugindo da raia”. Dessa forma, há tempos venho aconselhando uma formulazinha, que parece ter funcionado muito bem com meus alunos e compartilho com os leitores do meu blog.
1o PASSO – CRIE O HÁBITO DE GUARDAR DINHEIRO
A maior riqueza a ser adquirida no início de um processo de reeducação financeira é criar a disciplina de poupar. A aquisição de tal hábito está ligada a uma mudança de comportamento frente ao consumo, fazendo com que se gaste menos do que ganhe. Independentemente do investimento a ser inicialmente escolhido, a confiança de que é possível viver dentro do orçamento mostra-se fundamental.
2o PASSO – ESCOLHA UM INVESTIMENTO DE BAIXO RISCO
Para aquelas pessoas que nunca investiram, aconselho a Caderneta de Poupança como a melhor alternativa. Para aqueles com nível de conhecimento um pouco maior, um tesouro direto (LFT) ou CDB me parece uma escolha interessante. A intenção aqui é evitar experiências negativas de perda nominal de dinheiro, já no primeiro investimento. A sensação de ver diminuir o patrimônio pode causar algum bloqueio frente a certo investimento que poderia ser interessante no futuro. É o famoso caso do gato que sentou num fogão quente e que, após essa experiência dolorosa, nunca mais subiu no fogão (esteja ele quente ou frio).
3o PASSO – ACOMPANHE OS OUTROS INVESTIMENTOS DE SEU BANCO
No primeiro ano, separe uma tarde no mês para comparar a rentabilidade do investimento escolhido no 2o PASSO, com outras modalidades oferecidas pelo seu banco. Estude e compreenda como todas elas funcionam. A intenção é criar familiaridade com diversas possibilidades de aplicações, como por exemplo, fundos de investimentos. Ao final desses doze meses, de maneira natural, a pessoa já terá adquirido uma noção sobre como se comportam investimentos como a Poupança, CDB, Tesouro Direto e Fundos. Em um ano adquire-se uma experiência de valor inestimável, e mesmo que a escolha do 2o PASSO tenha se mostrado uma das piores alternativas nesse período, o dinheiro que se deixou de ganhar é relativamente pequeno, pois o montante investido ainda é baixo.
4o PASSO – AMPLIE SEUS HORIZONTES: CONHEÇA OUTROS BANCOS E CORRETORAS
Passado um ano, em que já se compreende a diferença entre os principais produtos financeiros de seu banco, já se tem uma noção da rentabilidade de cada um deles e das taxas/tributação cobradas, está na hora de expandir os horizontes. Busque comparar, todo mês, as rentabilidades de diversas instituições financeiras, taxas cobradas, diferentes produtos oferecidos etc. Permaneça mais um ano no investimento do 2o PASSO e acompanhe os investimentos de forma mais abrangente. Faça leituras especializadas, cursos sobre investimentos. Está quase chegando a hora de começar a investir em produtos de maior rentabilidade.
5o PASSO – COMECE A CONSTRUIR SUA CARTEIRA DE INVESTIMENTOS
Após dois anos de adquirida a disciplina de investidor e possuir um montante de dinheiro considerável, talvez tenha chegado a hora de se buscar maiores rentabilidade (leia-se: assumir maiores riscos). Notem que os dois primeiros anos foram de CONQUISTA DE CONHECIMENTO e ACUMULAÇÃO DE DINHEIRO PARA PODER INVESTIR NAS APLICAÇÕES QUE RENDEM MAIS.
A partir desse ponto, com um montante de dinheiro razoável, será possível montar uma estratégia de investimentos em que será possível assumir maiores riscos, além de possibilitar a construção de uma carteira de investimentos.
E por falar nesse assunto, conhece o eBook ALOCAÇÃO DE ATIVOS?
É isso aí pessoal, boa sorte em suas finanças e vida pessoal.