Nas últimas semanas têm sido veiculadas notícias, referentes ao cenário econômico brasileiro, de grande relevância em se tratando de finanças pessoais. No presente artigo gostaria de compartilhar algumas delas e tecer alguns comentários pessoais, de forma a iniciar um debate sobre a importância de cada tema (e suas relações entre si), dentro do contexto da educação financeira.
Custo de vida das famílias de baixa renda sobe em agosto
Em artigo publicado na UOL (fonte: Infomoney) é apresentado que o índice de custo de vida (ICV), calculado pelo Dieese, subiu mais para as famílias de baixa renda, do que para as demais classes. Tal fenômeno ocorreu, segundo mesmo artigo, devido a maior alta dos preços (mês de agosto) relacionados a: Alimentação, Saúde e Despesas Gerais – componentes esses que pesam significativamente no orçamento das famílias com menor renda.
Comentários do autor: a inflação ainda é um fenômeno macroeconômico muito importante a ser considerado, quando tratamos de finanças pessoais, no Brasil. Um aumento nos preços tem a consequência de diminuir o poder aquisitivo da população, implicando em maiores efeitos danosos quanto menor a renda da família.
Cresce o endividamento das famílias
Notícia recente (veja no portal R7) mostra que em agosto, o nível de endividamento das famílias cresceu no município de São Paulo, atingindo seu maior nível em 2012. Em pesquisa realizada pela Federação do Comércio, 53,5% das famílias possuíam algum tipo de dívida, ou seja, mais da metade da população (em agosto de 2011 esse número era de 45,1%).
Comentários do autor: a notícia mencionada diz respeito à cidade de São Paulo, mas acredito que este seja um fenômeno que pode ser verificado em muitas regiões brasileiras. A cultura do uso indiscriminado do crédito, para compra de bens e serviços do cotidiano, demonstra que ainda há um lapso enorme entre o comportamento de grande parte da população e aquele sugerido pelos educadores financeiros.
Expectativa de aumento do IPI faz vendas de carro aumentar em agosto
Em reportagem publicada no site Pense Carros foi retratado um fenômeno ocorrido no mês de agosto: havia uma expectativa que não fosse prorrogado o prazo de isenção de IPI (mas foi) e houve uma corrida às concessionárias em busca de aproveitar a oportunidade. O volume de emplacamentos nesse mês foi considerado recorde, pelo presidente da Fenabrave, desde a instalação da indústria automobilística no país.
Comentários do autor: mesmo em um cenário de inflação corroendo salários e um elevado número de pessoas já endividadas, o consumo não para de crescer. Não tenho esses números em mãos, mas acredito que uma quantidade considerável de pessoas “aproveitou” a oportunidade de IPI reduzido, dando de entrada seu usado e financiando um carro mais caro do que poderia comprar sem o benefício (talvez com maior consumo de combustível, seguro, IPVA etc). Consequência financeira desse impulso: aumento no grau de endividamento.
Mercado rebaixou o PIB pela quinta vez no ano
Notícia publicada na UOL aponta que o mercado acredita que o PIB fechará o ano de 2012 com um crescimento de 1,64%.
Comentários do autor: obviamente um aumento modesto do PIB não deve ser considerado como fator isolado de análise e conclusões, mas talvez seja um indicativo de que a renda (por exemplo, salário) das famílias não deverá crescer na mesma velocidade da ânsia de consumo. O que quero dizer é bastante simples. Se o PIB aumenta pouco e a população cresce na mesma medida, o PIB per capita permanece constante, o que implica em uma manutenção da riqueza da população, na média. Dessa forma, se a riqueza continua a mesma, uma “melhoria” na qualidade de vida só será possível via crédito.
CONCLUSÕES
Esse texto não objetiva tirar conclusões definitivas, muito menos traçar um cenário apocalíptico. O que desejo demonstrar, com base em notícias recentes, são algumas evidências de que a Educação Financeira está longe de se configurar como um problema já solucionado, para a maioria da população. Temos uma inflação respeitável e não totalmente sob controle, as famílias estão endividadas, não param de consumir e o aumento da renda per capita não é um dos maiores fatores de orgulho brasileiro.
O meu argumento é que se mostra cada vez mais importante ficar de olho em nossas finanças pessoais, e não entrar no “auê” da maioria. O cenário nacional e internacional é de grande incerteza e mostra-se necessário ter cautela nos hábitos de consumo, de forma a administrar os riscos de problemas financeiros futuros. E você, o que pensa sobre tudo isso?
Boa sorte em suas finanças e vida pessoal.