Não é raro encontrar pessoas que possuem dívidas e, ao mesmo tempo, dinheiro em aplicações financeiras.
PERGUNTO: por que elas não tiram o dinheiro da aplicação para pagar as dívidas?
RESPOSTA: porque não possuem disciplina. Dizem: “nesse dinheiro eu não mexo; se eu tirar, nunca mais guardo nada”.
Agora, vamos usar a razão.
PERGUNTO: quando é interessante tirar dinheiro de uma aplicação financeira para pagar dívidas?
RESPOSTA: toda vez que a taxa de juros da dívida for superior à taxa de juros do investimento.
Como, na grande maioria das vezes, as taxas de juros de empréstimos e financiamentos são maiores que as de remuneração do capital investido, quase sempre será interessante usar qualquer dinheiro disponível para quitar dívidas, ao invés de aplicá-los.
Vejamos um exemplo numérico, para que se possa compreender melhor como a decisão deve ser tomada pela relação entre as taxa de juros da dívida e do investimento.
Imagine a seguinte situação:
“José tem uma dívida de R$5.000,00 a ser paga em 20 parcelas de R$286,92, a partir de hoje, o que significa uma taxa de juros de 1,5% ao mês. Porém, José possui essa mesma quantia de dinheiro para pagamento à vista, investida a uma taxa de juros de 0,7% ao mês”
SITUAÇÃO 1
José julga que se gastar o dinheiro investido, nunca mais vai consguir guardá-lo novamente. Então, decide que pagará as parcelas da dívida com seu salário e deixará os R$5.000,00 rendendo a uma taxa de juros de 0,7% ao mês. Veja na tabela abaixo que isso significará um saldo de R$5.708,60 no último mês.
Meses | Saldo aplicação |
1 | R$ 5.000,00 |
2 | R$ 5.035,00 |
3 | R$ 5.070,25 |
4 | R$ 5.105,74 |
5 | R$ 5.141,48 |
6 | R$ 5.177,47 |
7 | R$ 5.213,71 |
8 | R$ 5.250,21 |
9 | R$ 5.286,96 |
10 | R$ 5.323,97 |
11 | R$ 5.361,23 |
12 | R$ 5.398,76 |
13 | R$ 5.436,55 |
14 | R$ 5.474,61 |
15 | R$ 5.512,93 |
16 | R$ 5.551,52 |
17 | R$ 5.590,38 |
18 | R$ 5.629,52 |
19 | R$ 5.668,92 |
20 | R$ 5.708,60 |
SITUAÇÃO 2
José decide pela razão, quitando a dívida com o uso do dinheiro de sua aplicação. Em seguida, tem a DISCIPLINA de economizar o dinheiro que pagaria das parcelas, no valor de R$286,92, aplicando-o no mesmo investimento anterior, ou seja, a uma taxa de juros de 0,7% ao mês. A tabela abaixo traz o saldo de vinte aplicações consecutivas de R$286,92 durante os mesmos vinte meses. Note que, nesse caso, José teria uma riqueza final de R$6.136,62.
Meses | Saldo aplicação |
1 | R$ 286,92 |
2 | R$ 575,86 |
3 | R$ 866,81 |
4 | R$ 1.159,81 |
5 | R$ 1.454,85 |
6 | R$ 1.751,96 |
7 | R$ 2.051,15 |
8 | R$ 2.352,43 |
9 | R$ 2.655,82 |
10 | R$ 2.961,34 |
11 | R$ 3.268,99 |
12 | R$ 3.578,80 |
13 | R$ 3.890,78 |
14 | R$ 4.204,94 |
15 | R$ 4.521,30 |
16 | R$ 4.839,87 |
17 | R$ 5.160,67 |
18 | R$ 5.483,72 |
19 | R$ 5.809,03 |
20 | R$ 6.136,62 |
CONCLUSÕES
Para suas finanças pessoais, agir com a razão é a melhor saída.
A diferença dos saldos entre as situações 1 e 2 nada mais é do que o CUSTO DA INDISCIPLINA.
OBS: se fizermos os mesmos cálculos utilizando taxas de juros iguais para a dívida e investimento, os saldos finais serão também os mesmos, ou seja, as opções são indiferentes. Caso a taxa de juros do investimento fosse maior que da dívida, o saldo da SITUAÇÃO 1 seria superior ao da SITUAÇÃO 2.