METODOLOGIA DA PESQUISA
Entre os meses de agosto e setembro de 2014, a pesquisa utilizou-se de uma técnica denominada grupos de discussão, em que cerca de 8 a 10 pessoas especialmente selecionadas (endividadas) discutiram tópicos relacionados a endividamento. Esse processo consistiu em 8 grupos focais, sendo dois em cada uma das seguintes capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Porto Alegre.
O uso dessa técnica, como qualquer outra, possui limitações, mas tem como uma de suas vantagens permitir uma melhor problematização do tema abordado e também uma maior eficácia na obtenção de informações puramente qualitativas, como é o caso da pesquisa do BACEN.
As pessoas envolvidas foram classificadas em dois perfis diferentes:
PERFIL 1: consumidores em situação de endividamento excessivo, que procuraram o Procon e/ou Defensoria pública;
PERFIL 2: consumidores com dívidas e restrições cadastrais, com dívidas atrasadas há pelo menos seis meses e com menos de 3 apontamentos no SPC e/ou Serasa. Em especial, para as pessoas do PERFIL 2, também foi feita uma separação por faixas de renda mensal, sendo o critério estar acima ou abaixo de dois salários mínimos.
RESULTADOS PRELIMINARES
No relatório divulgado pelo BACEN, após as discussões dentro dos grupos focais, foram identificadas 3 causas principais do endividamento, as quais:
1) Fatos inesperados, como perda do emprego, doença própria ou de familiares, morte do responsável pela maior parte da renda familiar, separação conjugal;
2) Falta de planejamento financeiro, sendo citados como exemplos as compras por impulso, excesso de parcelamento de compras e uso de linhas de crédito de forma impulsiva e descontrolada;
3) Empréstimo do nome, situação essa em que se faz um empréstimo e/ou financiamento em seu nome para terceiros, além da possibilidade de emprestar o próprio cartão de crédito a amigos ou familiares.
Mais especificamente em relação ao crédito, os entrevistados levantaram as principais armadilhas que os fizeram cair no ciclo do endividamento:
1) Excesso de linhas de crédito, com oferta ostensiva;
2) Falta de informações claras sobre as condições da operação, com ênfase nas facilidades e benefícios, sem mencionar os riscos;
3) Concessão e/ou aumento de limites acima da capacidade de pagamento sem solicitação;
4) Pagamento do valor mínimo da fatura.
A pesquisa ainda trás mais elementos em relação a esse assunto, mas irei parar por aqui de forma a dar minha opinião sobre os resultados preliminares apresentados acima. Em artigo posterior continuaremos a analisar outros resultados.
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS
Claramente, é possível perceber que o processo de endividamento se torna mais propício de perdurar quando dois elementos estão ausentes: conhecimento e bons hábitos financeiros.
Esses são os dois principais pilares de uma educação financeira de qualidade: SABER e SABER FAZER. Algo muito próximo ao conceito de competência que inclui não só o conhecimento, mas também a habilidade e a atitude.
Não existe fórmula mágica para se conseguir dar uma guinada na vida financeira, passando de devedor para poupador. Será preciso construir uma nova forma de encarar a vida, uma readequação da maneira de pensar sobre dinheiro, além de instrumentos (conhecimentos, habilidades) que auxiliem na colocação em prática (atitude) de bons hábitos financeiros.
Com uma base emocional sólida e conhecimento financeiro, a oferta ostensiva de crédito não será um problema, nem as letrinhas miúdas de contratos, muito menos o pedido de familiares para emprestar o cartão. Isso porque você saberá o que é prioridade em sua vida e administrará sua energia de forma que suas decisões e seus hábitos estejam de acordo com o que é realmente importante.
É como sempre digo. Se a administração do seu dinheiro não vai bem, provavelmente isso se deve a problemas que vão muito além das finanças. E para solucionar o problema de forma duradoura, será preciso colocar o dedo na ferida.
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Boa sorte em suas finanças e vida pessoal, e no próximo artigo continuarei apresentando mais resultados da pesquisa do BACEN, e também minhas opiniões, é claro!