Veja como o vírus da pobreza dizimou o bolso de uma cidade inteira…
CONHEÇA O CASO
CIDADE: Borogodó
NÚMERO DE HABITANTES: 16.000
RENDA MENSAL PER CAPITA: R$4.800,00
Borogodó é uma cidade pequena, onde todos os moradores se conhecem pelo nome e sobrenome. Nela habitam 4.000 famílias, compostas por um casal e dois filhos. Há poucos anos, as casas eram idênticas e cada família possuía um carro do mesmo modelo. Todos, sem exceção, gozavam de um bem estar econômico invejável.
Porém, certo dia, um dos moradores de Borogodó teve uma ideia inusitada. Devido sua situação financeira tranquila, optou por comprar um carro importado, num valor cinco vezes superior ao que possuía. Em sua opinião, isso o diferenciaria dos demais. Daria status. Então, para que o negócio fosse feito, ofereceu seu carro de entrada (mais certa quantia de dinheiro) e financiou o restante.
No primeiro final de semana após a aquisição do novo veículo, desfilou com seu possante e percebeu que o impacto desejado surtira efeito. As pessoas na rua olhavam para aquela raridade e invejavam. Durante cinco semanas exatas, o “importado”, como era chamado pelos moradores, reinou absoluto na cidade.
Digo cinco semanas porque, nesse meio tempo, outro cidadão de Borogodó seguiu a seguinte lógica: “se ganho o mesmo salário que fulano, por que ele pode ter e eu não?”. E assim foi, até que passados pouco mais de quatro meses, já se podia ver quase que um desfile de carros importados na cidade, todos adquiridos pela mesma engenharia financeira.
Passada a febre dos carrões, continuou-se a busca por diferenciação. Um comprava televisão de 55 polegadas com home theater, outro fazia questão de mostrar seu novo aparelho celular de última geração, reformas e ampliações nas casas tornaram-se comuns, dentre outros exemplos.
Certo dia, uma emissora de TV apareceu na cidade e, ao longo da reportagem, a jornalista dizia: “Hoje estamos falando diretamente da cidade de Borogodó, conhecida pela altíssima qualidade de vida da população que nela habita. Mesmo com os altos e baixos da economia, a cidade progrediu e hoje os moradores são um exemplo de prosperidade e sucesso”.
Todavia, o que a jornalista não contou é que todo aquele consumo era baseado no crédito, ou seja, as compras eram viabilizadas por financiamentos a juros nada convidativos. Também foi omitido que os orçamentos de todas as famílias estavam apertados: mais da metade do ótimo salário que recebiam se destinava a pagar parcelas de dívidas contraídas.
E o pior é que se criou o conceito de que aquela situação era normal. Prova disso é que um famoso instituto de pesquisa constatou que o grande desejo da maioria dos cidadãos de Borogodó era: um salário melhor.
Foi o sinal derradeiro que o vírus da pobreza já havia afetado a todos…