Sobre comportamento dos consumidores e privação
Uma definição famosa (talvez simplista) do termo Economia refere-se à questão da “alocação de recursos escassos”. Tal ideia baseia-se na “arte” de utilizar os recursos limitados (como tempo, dinheiro, matéria–prima, dentre outros) da melhor forma possível. Podemos notar, portanto, que ao falar em Economia, fatalmente estaremos tratando de termos relacionados a escassez e restrição, o que nos remete ao tema do presente artigo: a privação.
Não é incomum ouvirmos relatos de pessoas que, ao passearem por um shopping center, se veem na posição de desejar um produto e não poder comprá-lo. Tal sensação de privação ocorre porque os recursos financeiros são limitados (por exemplo, salário), e quase sempre será necessário abrir mão de algo, em troca de um consumo mais urgente, essencial ou de maior utilidade. Para a grande maioria, será sempre assim. Precisaremos escolher como alocar nosso dinheiro (quais produtos e serviços consumir? Onde investir?) na busca de maximizar nosso bem estar, privando-nos de certas coisas para obter outras.
Mas em que ponto pretendo chegar com essa minha exposição? Explico. Apesar de ser algo aparentemente normal, em certos casos lidar com a questão da privação pode ser um martírio. Isso ocorre quando o conceito de felicidade baseia-se no TER, e não no SER. Para pessoas com esse pensamento, privar-se, constantemente, de consumir bens e serviços, traz uma sensação de fracasso. Não poder comprar as coisas que deseja significa uma vida à margem da felicidade. É corriqueiro ouvirmos pessoas falando sobre o carro dos sonhos, de quanto seriam felizes se pudesse ter um closet cheio de roupas novas ou até mesmo que dariam tudo para comprar o último lançamento de certo produto eletrônico. É uma “cultura” que relaciona sucesso ao consumo.
O que desejo, portanto, argumentar neste artigo, é que quanto maior a pobreza de espírito de uma pessoa, mais a sensação de privação lhe trará transtornos. Devido ao imenso vazio existencial, busca-se preencher esse espaço com prazeres efêmeros, pautados em consumo. Todavia, como já citado, os recursos financeiros são limitados. Chega um momento em que não é mais possível comprar o que se deseja, restando apenas a sensação de impotência, baixa de autoestima e angústia.
A solução para esse problema está em reconhecer que a verdadeira riqueza situa-se dentro de cada um de nós, e se constrói na relação com os outros, com o ambiente que nos cerca. Para pessoas que realmente dão valor à riqueza do conhecimento, do amor e da amizade (para citar apenas alguns exemplos), lidar com a administração do próprio dinheiro tende a ser um processo menos doloroso. Isso porque a privação de bens materiais e serviços será encarada de maneira natural, tendo um menor impacto emocional ao longo do tempo. Veja como é fácil encontramos pessoas humildes, com pouco dinheiro, mas cheias de alegria e amor para dar, apesar de todas as privações materiais.
Concluindo, meu conselho é que você gerencie seus recursos financeiros da melhor forma possível, pensando tanto no hoje como no amanhã. Foque na segurança de seus familiares, fazendo com que o dinheiro viabilize uma vida mais tranquila e cheia de conquistas. As privações existirão? Certamente. Mas a forma com que ela interferirá em suas emoções dependerá apenas sobre quais valores e princípios seus objetivos estão alicerçados. Vida pobre significa que a privação será um tormento. Se a vida é rica, privação não será motivo para lamentações, mas apenas uma consequência da inevitável arte de lidar com recursos escassos.
Boa sorte em suas finanças e vida pessoal!
Quer ter o conforto de receber, a cada 15 dias, as atualizações do blog e outras novidades quentíssimas, por e-mail? Cadastre-se agora mesmo.